Nem todo relacionamento nasce de amor genuíno. Às vezes, é fruto de carência, pena ou até do medo de ficar só. Permanecer em um relacionamento ruim muitas vezes está relacionado a dinâmicas emocionais profundas que desafiam o entendimento imediato. Sentimentos como medo, culpa, esperança de mudança ou até mesmo uma dependência emocional e financeira podem aprisionar a pessoa na relação.

O relacionamento marcado por abusos pode estar ligado à história subjetiva do indivíduo, envolvendo marcas inconscientes que o fazem repetir situações de sofrimento, mesmo sem perceber. E claro, para além disso, há um impacto significativo da manipulação exercida pelo parceiro abusivo, que pode minar a autoestima e dificultar a percepção da gravidade do abuso. É essencial lembrar que sair desse ciclo exige acolhimento, apoio e, muitas vezes, acompanhamento psicológico para reconstruir a autonomia e romper com os padrões destrutivos.

Então, a reflexão aqui é sobre questionar as bases do amor. Segundo Bell Hooks (1), para amar verdadeiramente devemos aprender a misturar vários ingredientes: carinho, afeição, reconhecimento, respeito, compromisso e confiança, assim como honestidade e comunicação aberta. Uma das contribuições fundamentais trazidas por Bell Hooks(1) é nos fazer pensar que são as ações que constroem os sentimentos.

Reflita: Quais as bases deste relacionamento que vivencio? Há: carinho, afeição, reconhecimento, respeito, compromisso e confiança, assim como honestidade e comunicação aberta?

Muitos buscam consultórios de psicologia reclamando de uma sensação de vazio ou de falta, tentando encontrar no afeto de outras pessoas a solução para seus problemas emocionais. Mas é importante lembrar que amar a si mesmo pode ser aquilo que nos fará estar em paz, antes de buscar amor no/do outro.

Muitas pessoas passam anos em relações desequilibradas, investindo energia onde não há reciprocidade, acreditando que apenas o seu amor será suficiente para “salvar” a relação.  Essa busca, muitas vezes, pode refletir a dificuldade em estabelecer uma relação saudável consigo mesmo. Amar-se é reconhecer suas necessidades, respeitar seus limites e aprender a ser sua própria fonte de acolhimento e felicidade.

Perguntas para refletir: Antes de buscar no outro aquilo que supostamente “te completaria”, olhe para dentro e se pergunte: “Estou me tratando como mereço?”, “Existe outras formas de amor à minha volta?”, “Estou em paz comigo e com o que posso ser?”. E, também, esse relacionamento me é recíproco?

Em qualquer relacionamento, existem dois tempos que precisam de atenção:

• O tempo individual, que é dedicado ao trabalho, ao lazer, às amizades e ao autocuidado.
• O tempo do casal, que é o momento de nutrir a cumplicidade e a intimidade.

Equilibrar esses dois tempos é essencial para que a relação se fortaleça sem sufocar as individualidades. O respeito mútuo e o diálogo são fundamentais para que o tempo separado enriqueça os momentos juntos.

Lembre-se: Amor também é liberdade para crescer como indivíduo e como casal.

Neste Dia do Amor, ou Dia dos Namorados, celebre o privilégio de amar e ser amado – seja por um parceiro, por amigos, pela família ou por você mesmo. Escolha amar com coragem, generosidade e consciência, porque o amor é a força mais poderosa para transformar vidas, inclusive a sua. E aí, como você vai celebrar o amor hoje? ❤️

Referência:

• HOOKS, B. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. tradução Stephanie Borges. São Paulo: Efefante, 2021. 272p.