As mulheres que se atreveram sempre marcaram a transformação dos rumos da sociedade. Sejam elas famosas ou anônimas, ousaram transformar sua delicadeza em força, seu amor em perseverança e sua indignação em luta. Ou seja, elas se atreveram. São as corajosas, as empreendedoras. As mulheres que se atrevem são aquelas que fazem parte da história, ou melhor: Elas fazem a história! Pois elas constroem o futuro de outras mulheres, cotidianamente.
No entanto, o mundo sempre foi cruel com as mulheres “fortes”. Assim, sempre foram mortas, torturadas, julgadas, diminuídas e humilhadas ao longo da história. Muitas vezes esquecidas ou apagadas de seus méritos. Alguns exemplos que talvez não conheça: Laudelina de Campos Melo, Rosa Luxemburgo, Rosa Parks, Marie Curie, Carlota Pereira de Queirós, Pagu, Sofonisba Anguissola, Valentina Tereshkova, Bertha Von Suttner, Maria da Penha, Malala… É importante citá-las!
A mulher guerreira é uma mulher cansada. São fortes não por opção, mas por esperança de uma realidade diferente e se atrevem ao levantarem a voz e tentar um caminho novo. Hoje, as mulheres fortes anônimas estão solitárias e exaustas, adoecendo aos montes, pois muitos confundem fortaleza com isolamento. Em outras palavras, quem é que apoia essas mulheres?
Acima de tudo, as mulheres fortes são frágeis e tem medo! Temem porque tem muito a perder: sua voz, sua dignidade, sua liberdade. Como bem colocou Simone de Beauvoir, “Basta uma crise política, econômica e religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados“. Lutam não apenas por escolha, mas também por temor.
Por que é importante se atrever?
Em primeiro lugar, no dia 3 de novembro celebramos o “Dia da Instituição do Direito e Voto da Mulher”. Data que nos remete ao fato de termos pouco mais de 80 anos do Direito Pleno ao voto (1934). Antes de tudo, Pleno significa sem a necessidade da autorização do marido para tal. Apenas OITENTA ANOS!!! Essa conquista foi possível graças aos esforços de muitos, como Romi Medeiros da Fonseca e Orminda Ribeiro Bastos. Que são as autoras do texto preliminar da Lei 4.121 que ampliava os direitos das mulheres casadas.
Hoje somos maioria. Somos mais de 70 milhões de eleitoras, sustentando 40% dos lares brasileiros. Mas, contraditoriamente, não somamos nem 10% do número total de congressistas. NEM DEZ POR CENTO!!!! Ainda assim, perdemos em porcentagem para os países do Oriente Médio (média de 16% de representação feminina). Em um país que já completou mais de 190 anos de independência, os direitos das mulheres ainda engatinham.
Violência contra a mulher
Ao passo que engatinhamos na conquista de direitos, retrocedemos cada vez mais na autonomia e na segurança das mulheres. O número de violência contra a mulher cresce rápido. Bem como se manifesta de diversas formas. Por exemplo, ano passado foram registrados 47 mil casos de estupro no Brasil. Portanto, algo como contabilizar uma mulher vítima de violência sexual a cada 11 minutos. Isso se torna ainda mais assustador quando pensamos que grande parte das violências cometidas contra as mulheres é praticada no âmbito privado. Ou seja, em casa, com os parceiros, familiares, amigos, em espaços íntimos.
Esse cenário ganhou destaque na redação do ENEM 2015 com o tema “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, gerando muita reflexão e também críticas. As mesmas críticas que outrora foram dirigidas a outras mulheres (e homens) que lutaram por uma sociedade mais justa e igualitária.
Quem são as mulheres que se atreveram?
Aproveito este espaço para citar, agradecer e homenagear a memória de algumas dessas mulheres que se atreveram: Maria da Penha Maia Fernandes, vítima de violência doméstica por 23 anos, que não desistiu ao seu direito à vida e à justiça. Alzira Soriano, primeira mulher da América Latina a assumir o governo de uma cidade (Lajes – RN). Raquel de Queiróz, primeira mulher a integrar a Academia Brasileira de Letras. Bertha Luthz, líder do movimento pela inclusão acadêmica feminina. Rita Lobato Velho Lopes, a primeira mulher no país a ter diploma superior em uma universidade brasileira….
Enfim, tantas outras que se atrevem, pública ou anonimamente, todos os dias… Muito obrigada!
A arte imita a vida
Por fim, o cinema sempre se alimenta da vida e segue citando muitas mulheres fortes que marcaram a história. Então, reveja algumas destas mulheres memoráveis:
- Salma Hayek interpretou a pintora mexicana Frida Kahlo no filme de 2002. Sua personagem mostra a problemática vida pessoal junto de suas criações.
- Judi Dench vive a protagonista de ‘Philomena‘, de 2013. Ela é uma mulher que passa 50 anos atrás de seu filho. Pois este fora roubado de suas mãos quando era apenas uma criança.
- Charlize Theron vive em ‘Terra Fria‘ Josey Aimes, a mulher que levou aos tribunais o primeiro caso de abuso sexual da história dos Estados Unidos, em 1984, enquanto trabalhava em minas de carvão.
- Milla Jovovich viveu em 1999 a heroína francesa Joana D’Arc.
- Angelina Jolie vive Christine Collins em ‘A Troca‘, de 2008. Uma mulher que perde o seu filho e precisa seguir em seu encalço.
- Meryl Streep interpretou Margaret Thatcher no filme ‘A Dama de Ferro‘, 2011.
Antes de mais nada, Meryl Streep tinha 34 anos quando foi indicada ao Oscar por ‘Silkwood – O Retrato de uma Coragem‘. Neste filme vive Karen Silkwood, uma trabalhadora em uma metalúrgica que é coagida e envenenada para impedi-la de delatar uma falha de segurança
Aproveita e dê uma lidinha nesse texto aqui: Qual a hora certa de buscar uma Psicoterapia?
E tem muito mais….
- Cate Blanchett deu corpo no cinema à ‘Rainha Elizabeth I’.
- Erin Brockovich é vivida por Julia Roberts em 2000, que conta a história de uma mãe solteira que se torna assistente legal e destrói sozinha uma empresa que poluía água na Califórnia.
- Nicole Kidman dá corpo à famosa escritora Virginia Woolf em ‘As Horas’, 2002.
- A difícil jornada de Tina Turner para a fama é retrarada no filme ‘What’s Love Got to Do with It‘, de 1993.
- Camila Morgado interpreta ‘Olga’, filme brasileiro realizado em 2004 inspirado na biografia sobre a alemã, judia e comunista Olga Benário Prestes.
- Audrey Tautou atua em ‘Coco antes de Chanel’, 2009 que conta a história da famosa estilista francêsa Gabrielle, desde a infância pobre até a criação de um império da indústria da moda a Chanel S.A.
Lista adaptada de: http://revistamonet.globo.com
Créditos e referências:
Outros textos dessa autora:
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Imagem: “Simone de Beauvoir“
Site:Algo sobre
Modificação: Equipe Diálogo Psi
Imagem: Alzira Soriano”
Site: Desconhecido
Júlia Maria Alves
Psicóloga graduada pela UFMG (2009), com especialização em Clínica Psicanalítica na atualidade pela PUC-MG (2021) e em Gestão de Pessoas pela Fundação Dom Cabral (2012). Atua com atendimento clínico e orientação profissional e gestão de carreira.
Muito bom!
Amei o texto, Juju!
Obrigada Ana, fico muito feliz.
São tantas! E tão necessárias. Precisamos citar mais seus nomes. tem razão
Com certeza, sim, Mariane! Acho que esta seria uma boa sequencia de textos, lembrar e homenagear mulheres <3