“Ninguém nasce mulher, torna-se mulher.”
Simone de Beauvoir
Ser mulher não é algo dado, natural ou biológico, mas trata-se de uma construção social que é atravessada pelas normas, pelos valores e discursos sociais e que, cada vez mais, tem sido ampliada e pluralizada.
E ser mulher em nossa sociedade geralmente remete ao desempenho de diversos papeis tanto dentro da família quanto no círculo social. Há mulheres que são: mãe, filha, esposa, cuidadora, professora do dever de casa, enfermeira dos familiares, chefe das finanças da casa, cozinheira, acompanhante dos enfermos no hospital, professora das tarefas domésticas para os filhos, dona de casa, arrumadeira, mediadora de conflitos em casa e no trabalho, dentre outros.
Assim, com tantos afazeres, muitas vezes mais voltados para os outros ao seu redor do que para si, muitas são as mulheres que deixaram projetos pessoais de lado para se dedicar a esses outros, especialmente, os familiares mais próximos. Quantos não são os relatos de mulheres que, após engravidarem, interromperam seus estudos ou deixaram seus trabalhos para se dedicarem aos filhos e maridos?
Apesar das dificuldades, amanhã há de ser outro dia
Apesar de sabermos de muitas mulheres que acabaram por interromper (seja por escolha ou por necessidade) seus projetos de vida para cuidar de outros membros da família, também é crescente o número de mulheres que retomam seus planos da juventude ou mesmo, que criam novos planos após os 40 anos de idade ou até mesmo na terceira idade.
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Essas mulheres que resolvem realizar um curso superior já na maturidade ou que se lançam em uma nova carreira são bons exemplos de como sempre é tempo para que façamos algo que diz de nosso desejo. E essas guerreiras o fazem, ainda que precisem cuidar de filhos pequenos sem auxílio de outras pessoas, ou ainda enfrentando grandes jornadas dentro e fora de casa. É um novo posicionamento feminino em que essas mulheres se percebem como mulheres-sujeitos de suas trajetórias de vida e assim, saem em busca de suas realizações.
Muitas vezes a mulher tem um sonho e em sua própria casa é desestimulada a buscá-lo. Contudo, se não há o apoio que se gostaria em casa, sempre haverá algo ou alguém que apoie, acredite ou auxilie, seja uma instituição que você busca para ter orientações sobre como abrir um negócio, seja o seu processo psicoterápico, ou um professor universitário, seja uma cooperativa de trabalho, seja outra mulher que também tenha projetos. É preciso buscar com empenho e não se fixar nas falas negativas, desestimulantes, mas naquelas que inspiram e ajudam.
Falou-se aqui sobre as mulheres que decidem começar um novo projeto pessoal ou profissional em uma idade madura, mas, de modo algum, se desmerece a opção daquelas que fazem o caminho inverso. As mulheres que investiram muito em estudos e carreira na juventude e, após determinada idade resolvem ser donas de casa e mães dedicadas, abdicando da carreira.
Cada mulher é sujeito de sua história e deve ser respeitada e apoiada em suas escolhas.
Referências bibliográficas:
- Ao abrirem mão da carreira para serem donas de casa, mulheres sofrem preconceito – Acesso em: 08 jun. 2016.
- A tríplice jornada de mulheres pobres na universidade pública: trabalho doméstico, trabalho remunerado e estudos – Acesso em: 08 jun. 2016.
- Idosas desafiam o tempo e voltam a estudar – Acesso em: 07 jun. 2016.
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Autoria do texto
Raquel Ferreira Pacheco
Psicóloga (PUC-MG/2014) com experiência em Psicologia Clínica e Psicologia Hospitalar. Pós-graduada em Saúde Mental (IEC PUC-MG/2017). Residência Multiprofissional em Urgência e Emergência no Hospital João XXIII - FHEMIG. (2020). Graduada em Gestão Pública (UEMG/2011).
Adoramos o texto, Raquel! <3
Iramaia Almeida Larissa Macedo