pai ausente
Eu tive um pai ausente
Essa não é uma história incomum e não está no passado apenas de uma geração, já adulta. Ainda hoje, é o presente de muitas crianças. São histórias de pais que, apesar de estarem presentes de corpo físico, não são efetivamente presentes na vida dos filhos. A maioria deles amam seus filhos, não duvide, mas esse sentimento não é demonstrado, não se transforma em ação. Eles não conversam, não dividem, não acolhem as dores, incentivam ou celebram as conquistas dos filhos. Estão ali, mas não estão.
Ser amado pelos pais é um dos fatores que constituem um bom ambiente para o desenvolvimento psíquico da criança. Entretanto, o amor sem compromisso – um sentimento sem ação – não é o suficiente.
É preciso que os pais se comprometam, que se façam presentes. Pois é a partir de suas ações que os filhos entenderão que seus pais estarão disponíveis em momentos bons e ruins, que eles servirão de oásis quando as dificuldades da vida se impuserem como o mais seco dos desertos. Saber que pode recorrer ao apoio dos pais é a segurança que uma criança precisa para explorar e ganhar o mundo com seus novos passos.
Quais serão as marcas na vida adulta quando a indiferença é a principal lembrança dessa relação pai e filho?
[teaser] Leia mais: Ausência paterna[/teaser]Pai ausente: A indiferença dói mais
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estado de tranquilidade daquele que não se envolve com as situações; desprendimento.
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falta de interesse, de atenção, de cuidado, de consideração; descaso; desdém.
Podemos ler no comportamento do indiferente as seguintes mensagens: “isso não me interessa”, “essa pessoa não tem valor para mim” ou “suas ações não me afetam”. Isso porque a indiferença está diretamente relacionada ao valor. Quanto maior valor determinada pessoa ou situação tiver para nós, mais diferença fará e terá mais acesso à nossa atenção, cuidados ou afetos. Logo, quanto menor valor, maior a indiferença.
A indiferença é o nada, é o vazio de afeto – um não afeto. Ser indiferente a alguém significa que estamos ‘retirando de campo’ nossos sentimentos. Se de um lado da relação existe essa ausência do sentir, do outro a indiferença é sentida e, muitas vezes, com um impacto mais violento do que teria a raiva ou um embate.
A criança tem na figura dos pais seus heróis particulares; a quem pode recorrer e confiar. Portanto, o ‘nada’ dos pais é ‘tudo’ para uma criança. Surge um silêncio amargo dessa ausência e, junto dele, incertezas e perguntas, como: Por que não tenho sua atenção?
Questionamentos que a criança buscará responder, muitas vezes, chegando à conclusão de que a causa dessa indiferença é ela mesma. Ou seja, ele não me ama e a culpa é minha, ou o motivo está em mim.
Tanto quanto a indiferença é relacionada à insensibilidade, ao desapego e à frieza, mais provável que as respostas que os filhos encontrarão para a ausência dos pais seja a do ‘não amor’. Afinal, essas características não combinam com o que é esperado em uma relação equilibrada e saudável, menos ainda relacionadas ao amor. Podemos até dizer que indiferença e amor são perfeitamente contrárias!
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O resultado dessa relação é fácil de imaginar.
Lopes (2012) indica que o “afeto proveniente da presença dos pais é o que permite à criança construir e ocupar imaginariamente um lugar privilegiado no desejo do Outro. A privação precoce dessa experiência retorna sob a forma de uma diversidade de sintomas, na medida em que prejudica ou até mesmo impede a construção deste lugar libidinal imaginário necessário ao desenvolvimento da vida social como um todo”.
A ausência crônica dos pais pode acarretar desde comportamentos agressivos ou rebeldes para atrair a atenção dos pais, até mesmo levar a estados de depressão, isolamento, insegurança, baixa auto estima, alienação e afetar a capacidade de construir relações saudáveis. E estes sintomas podem persistir por toda a vida adulta.
Portanto, pai, aproveite [de verdade] o tempo com seus filhos, sem distrações. Crie um ambiente familiar de ternura e apoio. Providencie tempo dedicado à eles. Não deixe de investir amor, atenção e educação em seus pequenos.
Referências Bibliográficas
LOPES, R. G. De que sofrem os filhos de pais separados? Revista aSEPHallu, Rio de Janeiro, vol. VII, n. 13, nov. 2011 a abr. 2012. Disponível em www.isepol.com/asephallus
Artigo compartilhado
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Tive um pai ausente, a história da minha vida. Ameeei! ???
Vi o texto pelo Instagram, como faço para receber pelo email?
Sinto muito Rita! =( Sobre o Clube de leitores, vou inscrever este seu e-mail. Se não receber o e-mail, pode fazer sua inscrição neste link: http://www.dialogopsi.com.br/clube-de-leitores/