20 de julho, dia do amigo, dia de celebração
A celebração que faço hoje, parte de mim para aqueles que cotidianamente, fazem dos meus pensamentos, das minhas lembranças, das minhas memórias, e da minha saudade, um arquivo que funciona como um resgate. O resgate da preciosidade dos vínculos para com os que demonstrei e demonstro alguma afeição e admiração. Um amigo é um ser que desperta a admiração pelo o simples.
A Amizade
A palavra amizade derivou-se de ‘amore’ (amar), derivada do grego, que significa afeição, altruísmo. Amizade ainda atrela-se ao instinto de sobrevivência, de se sentir protegido, validado, percebido por alguém. Este alguém ou alguéns – já que construímos diversas relações que se conectem com a nossa forma de existir de acordo com aquele momento – são os nossos amigos, e que partilham de várias confidencias.
Confidenciar algo ao outro é dar-lhe a permissão para que este possa guardar com a preciosidade que acreditamos que ele tenha para que não nos sintamos tão perdido diante de algo tão importante para nós. Mas será possível? O que é um amigo, se não, um ser que nos encontrou no infinito da existência?
Nossos amigos simbolizam muitas vezes as nossas tribos existenciais. Precisamos nos sentir pertencidos por algum grupo, que fale da nossa estranheza ou evidencie tal. Essa estranheza marcada por vivências compartilhadas me lembra as raízes indígenas, quando os índios se reuniam todos para celebrar alguma conquista. A priori, procuramos nossos amigos quando desejamos celebrar algo, mas muito além disso, o de procurar um refúgio, uma palavra, um ato, um alguém que possa falar de nós mesmos para nós… Como se procurássemos um pouco de nós naquele outro tão significativo.
Conectar-se ao outro é respeitar e contemplar sua ‘estranheza’
Olhar para o outro é confuso, estranho, angustiante… E é por isso também que temos dificuldade de construir vínculos ou se vincular a alguém. Os amigos também passam por este crivo. Ou não ficamos com raiva quando nosso(s) amigo(s) se diferenciam daquilo que acreditamos? Nem todos nós, é claro, não posso generalizar. Mas, essa percepção da raiva, fala muito da dificuldade que temos de aceitar o outro, a diferença e o diferenciar do outro.
Uma vez escutei de uma Arteterapeuta sobre um de seus aprendizados, em que ela não encarava a estranheza do outro com revolta, mas com contemplação. Essa contemplação de querer explorar o que é diferente dela, de se entregar, e não olhar para as consequências, mas viver a experiência. A exploração está ligada ao querer compreender como esse outro existe e o que faz ele existir nas suas esferas íntimas.
Carl Rogers afirma que a amizade ‘é aceitação de cada um como se realmente é’. Muito além de aceitar o meu amigo ou os meus amigos, tento olhar para eles cada vez mais com gratidão. A gratidão pela caminhada que escolhemos construir, com vários buracos, mas que com o desejo de cada um, podemos seguir adiante. Ainda bem que compreendemos juntos que os buracos também podem se fechar com construção de novas histórias, risadas, e o fundamental, o amor que sentimos um pelo o outro, respeitando a sua forma individual de existir.
Um amigo, para mim, é aquele que eu escolhi fazer de mim uma boa morada para recebê-lo. Mesmo que essa morada esteja meio bagunçada de vez em quando. Que bom que ele compreende que a morada está sendo construída cotidianamente, em constante reforma.
A vocês, meus amigos, a minha gratidão. Feliz por caminhar junto a vocês!
Grato por se emprestarem um pouquinho quando preciso!
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