Então, chegou fevereiro, mês do carnaval em nosso país! E, quando pensamos em carnaval, logo vem à nossa cabeça muito agito, barulho, muitas pessoas e alegria, claro! Nossa querida Belo Horizonte, que tem um carnaval com uma filosofia de levar essa manifestação cultural a todos. Tem diversos blocos que circulam também nas regiões mais afastadas da área centro-sul da cidade. Existem também os blocos especialmente dedicados ao público infantil! O que também ocorre em outras cidades pelo país.
Independentemente de haver blocos infantis, muitas famílias caem na folia com membros de todas as idades! É preciso se pensar em alguns cuidados a mais com os pequenos para que todos aproveitem esse período de forma saudável e sem percalços.
Hidratação, alimentação e exposição solar
Em primeiro lugar, estamos no verão e as crianças precisam estar muito bem hidratadas e protegidas da exposição solar. Desse modo, é necessário que os pais ou responsáveis já saiam de casa com suas crianças utilizando protetores solares. E, se possível, bonés ou chapéus para auxiliar na proteção. Também é interessante que levem alimentos leves (frutas, sanduichinhos) e líquidos para o consumo das crianças. É recomendável que levem uma boa quantidade, pois, a criança é mais sensível e os alimentos encontrados na rua podem não estar bem acondicionados. Ou sequer dentro das normas de higiene, além de serem mais processados e menos saudáveis.
Volume do som
Outro aspecto a se observar é o volume do som, evitar se aproximar muito de caixas de som ou mesmo das baterias de blocos, protegendo, assim, a audição dos pequenos. Não se tem uma idade mínima para o pequeno folião, mas é importante que os pais usem o bom senso. É preferível que, crianças muito novas sejam levadas apenas a blocos infantis, pois nestes o volume do som é menor, também o número de pessoas é reduzido, além de que as músicas e as atividades são mais apropriadas e elas poderão interagir mais com outras crianças da mesma faixa etária.
As fantasias infantis
Com relação à indumentária infantil, novamente devemos lembrar que são crianças e, como tal, precisam se vestir e se maquiar como crianças! Devem ser utilizadas tintas de base aquosa e/ou maquiagens específicas para o público infantil, as quais não provocarão nenhuma toxidade ou dermatite. Também devem ser escolhidas roupas com tecidos leves, facilitando a transpiração, e devem-se evitar acessórios que possam ser perigosos, que possam ser ingeridos ou pontiagudos, perfurantes.
Cabe alertar também sobre a fantasia, sobre a qual é preciso que se deixe a criança participar da escolha. Ressalvando-se apenas, que essa escolha implique em um cuidado dos responsáveis em evitar que a criança saia às ruas com alguma roupa muito sexualizada e inadequada à sua idade. Cabe esse alerta, pois em nossa sociedade temos visto uma aceleração da “sexualização” das crianças parecendo até mesmo reduzir as diferenças entre crianças e adultos.
Tivemos recentemente o polêmico caso do vídeo da Mc Melody. Que tem apenas 8 anos, usando roupas curtas, justas e decotadas e cantando uma letra que talvez ela nem compreenda, mas com forte conteúdo erótico. Isto acontece, pois, como aponta Marcel Mauss apud Minayo (1994), “a sociedade se exprime simbolicamente em seus costumes e instituições através da linguagem, da arte, da ciência, da religião”. Assim, o modo como vestimos as nossas crianças pode refletir essa forte influência da mídia para uma “sexualização” precoce das mesmas, que não permite o amadurecimento de cada uma ao seu tempo e de modo mais saudável.
Seja um bom exemplo!
Além disso, o carnaval é uma boa época para se tentar vencer preconceitos e se tentar dar exemplos de tolerância e respeito à diversidade e às escolhas para as crianças. Isto, pois, as pessoas, estejam elas encaixadas nos padrões mais aceitos pela sociedade ou não, têm o direito de se divertir e de serem felizes a seu modo, desfrutando do espaço comum da cidade e seus eventos! À época do Halloween de 2015 vi um belíssimo exemplo de um pai que compreendeu a escolha de seu pequenino, que se fantasiou de princesa. O pai não fez julgamentos e apoiou a escolha de seu menino, permitindo que ele se divertisse usando a fantasia da personagem que ele gosta. Se quiserem ver mais sobre essa história, segue o link da reportagem: O menino frozen
Respeite o limite da criança!
Agora, se a sua criança não gosta de carnaval, e não irá se divertir nessa festa, também cabe entender essa escolha e deixá-la aproveitar o feriado da forma que lhe dê mais satisfação. Pode ser indo ao clube, brincando com os amigos em casa, vendo filmes, ajudando a fazer um bolo, lendo seus livros, da forma que seja possível ofertar a ela e que lhe interesse. O Armandinho, por exemplo, prefere descansar:
Um olho na festa e outro na criança! O tempo todo!
Por fim, cabe um alerta sobre o cuidado de os responsáveis estarem sempre perto das crianças, muito atentos, pois o número de casos de crianças desaparecidas é altíssimo no país, e Minas Gerais é um dos estados com maior número de desaparecimentos. Como vemos nas estatísticas do portal online do governo de casos de desaparecimentos de crianças e adolescentes: Estatísticas. Esse momento de festas, com ruas superlotadas, facilita a ação de possíveis sequestradores. Então, aproveitemos com nossas crianças, mas sempre alertas!
Enfim, vamos curtir e fazer com que as crianças sejam muito felizes nesse momento lúdico dos bloquinhos, pois a brincadeira é fundamental pra um desenvolvimento saudável! Veja nesse link com alguns dos bloquinhos de Belo Horizonte, mas existem muitos outros!
Referência Bibliográfica
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 23 ed. Petrópolis: Vozes, 2004
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Autor(a):
Raquel Ferreira Pacheco – Psicóloga (PUC-MG/2014) com experiência em Psicologia Clínica e Psicologia Hospitalar. Pós-graduada em Saúde Mental (IEC PUC-MG/2017). Residência Multiprofissional em Urgência e Emergência no Hospital João XXIII – FHEMIG. (2020). Graduada em Gestão Pública (UEMG/2011).,
Outros textos dessa autora:
- A experiência de luto durante a epidemia
- Ser mulher é ser sujeito de sua trajetória de vida
- Os desastres naturais, a sociedade e a Psicologia
- Um carnaval feliz e saudável para as crianças!
Psicóloga (PUC-MG/2014) com experiência em Psicologia Clínica e Psicologia Hospitalar. Pós-graduada em Saúde Mental (IEC PUC-MG/2017). Residência Multiprofissional em Urgência e Emergência no Hospital João XXIII - FHEMIG. (2020). Graduada em Gestão Pública (UEMG/2011).