O primeira tema do quadro “Fale mais sobre isso” é ansiedade! Antes de tudo, vamos falar sobre a definição e as causas, para, em seguida, podermos compreender os sintomas e os tratamentos (Leia aqui a continuação do texto). Então, vamos lá falar mais sobre ela:

O que é ansiedade?

Sabe aquele friozinho na barriga quando algo importante está para acontecer? Assim como aquela perna que não para de balançar ou as mãos que se movimentam sem perceber? Estas são reações diversas da ansiedade. São normais quando acontecem de vez em quando ou em situações pontuais, por exemplo, um evento ou apresentação muito importante. Mas, e quando esses pensamentos e sensações não dão trégua? Pode ser um sinal de que há um distúrbio de ansiedade*?

Se procurarmos nos dicionários, encontraremos as mais distintas definições: “aflição”, “angústia”, “perturbação do espírito” e outros. De maneira geral, trata-se de um sentimento vago e desagradável de medo e apreensão. Então, podemos caracterizar a ansiedade por tensão ou desconforto derivados da percepção (mesmo que inconsciente) de alguma forma de perigo. Seja esse perigo algo desconhecido, ameaçador ou estranho. A ansiedade ativa o Sistema Nervoso Central e coloca o corpo preparado para uma reação emergencial, inclusive lutar ou fugir.

* Antes de mais nada, lembre-se que este é um texto informativo, não substitui o diagnóstico feito por um profissional da área.

A ansiedade é uma função importante

A ansiedade é um afeto normal e com uma importante função: Alertar o organismo ante situações que podem ser uma ameaça, bem como estimulá-lo a encontrar elementos para atender as suas necessidades. Basicamente, a ansiedade estimula a ação, a luta ou a fuga, quando há ameaças, necessidades ou frustrações. A ansiedade estimula o indivíduo a entrar em ação, contudo, quando em excesso, pode causar exatamente o contrário: paralisa, impedindo reações.

Um adulto preparado diante de uma prova, por exemplo, vivenciará uma ansiedade normal que ativará seu sistema de alerta. Assim, facilitando que se concentre, seja criativo e resolva as questões o mais adequadamente possível. Ante uma catástrofe, a ansiedade adequada permitirá que o indivíduo tome rapidamente as providências necessárias para a sobrevivência e o menor dano. No entanto, a distância entre ansiedade normal e patológica é tênue e, com frequência, o organismo a manifesta com maior intensidade que a necessária.

Perigo real x Perigo percebido

A ansiedade é uma reação a um perigo percebido pela pessoa. É como um “aviso” emitido pelo corpo de que algo não está bem. Portanto, a ansiedade é uma reposta de defesa. No entanto, quando ela ultrapassa um certo limiar, em vez de auxiliar o organismo, passa a atrapalhá-lo. Quando o estado de alerta é exagerado, o sistema neuro hormonal se descontrola e manifestam-se receios, expectativas e preocupações em grau intenso, juntamente com sintomas de ordem neuro vegetativa e agitação psicomotora.

Note que enfatizamos a palavra “percebido”, pois esse perigo pode ser real ou não, interno ou externo. Por vezes se verifica que não existe qualquer fato real a ser enfrentado. Sendo, assim, a ameaça imaginária e decorrente do funcionamento inconsciente. Quando a ansiedade aumenta (seja qual for o perigo percebido) e irrompe de forma abrupta, engolfa o indivíduo, tornando-o aterrorizado e impotente, bloqueando sua capacidade de pensar e reagir.

A interpretação sobre os eventos

fale mais sobre ansiedade

Vimos que a ansiedade é causada por um “perigo percebido” que pode ser real ou não, interno ou externo. Os problemas de ansiedade podem ser hereditários, mas guardam claramente sua relação com o funcionamento do corpo e às experiências de vida. Vamos explicar isso melhor.

Existem aqueles estímulos ansiogênicos mais comuns que afetam uma grande parcela da população, como “falar em publico” ou “lidar com autoridades”. Mas, de maneira geral, tudo o que é visto como possibilidade de prejuízo, fracasso, vergonha, ou até mesmo morte, pode ser causador de ansiedade. Quando a interpretação feita é de ameaça é produzida uma substância chamada noradrenalina, que excita o cérebro e o corpo dando reações de estimulação. A principal característica do estado ansioso é a excitação do pensamento, como uma tentativa de elaborar e calcular uma maneira de sair da situação de perigo.

Cada pessoa interpreta as situações de acordo com suas crenças, valores, visão de mundo e história de vida, enfim, as coisas não são interpretadas da mesma maneira por todos. Qualquer coisa que seja interpretada como prejudicial pode se tornar uma situação “causadora de ansiedade”. Determinada pessoa pode ficar extremamente ansiosa diante de uma prova, por exemplo, enquanto outra pode lidar com a mesma prova de forma tranquila.

Por quê? As interpretações que foram feitas a respeito desse mesmo evento foram diferentes. A primeira pode ter interpretado a prova como um enorme “problema” ou ter a crença que não é bem sucedida ou inteligente o suficiente. Enquanto a que encarou a prova tranquilamente, pode ter considerado que essa seria uma boa oportunidade ou algo simples e rotineiro.

Continue lendo a segunda parte desse texto: Sintomas e tratamentos para a ansiedade

Créditos e referências:

Autor(a): Júlia Maria Alves – Psicóloga graduada pela UFMG (2009), com especialização em Clínica Psicanalítica na Atualidade pela PUC-MG (2021) e em Gestão de Pessoas pela Fundação Dom Cabral (2012). Atua com atendimento clínico e Orientação Profissional. 
Imagem da capa:

Textos da série “Fale mais sobre isso: Ansiedade”

  • Biblioteca virtual em saúde (Link)
  • Darwin, C. (2000). A expressão das emoções no homem e nos animais. São Paulo: Companhia das Letras. 1872
  • Freud, S. (1976f). Inibições, sintomas e ansiedade, Edição standard (Vol. 20). Rio de Janeiro: Imago.
  • ROOSEVELT, M. Cassorla S. Abordagem Psicodinâmica do Paciente Ansioso. In: Eizirik, C. L. et.al. Psicoterapia de Orientação Analítica: Fundamentos Teóricos e Clínicos. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
  • VIANA, Milena de Barros. Freud e Darwin: ansiedade como sinal, uma resposta adaptativa ao perigo. Nat. hum. [online]. 2010, vol.12, n.1 Disponível <aqui>

Fale com a Diálogo Psi

Ficou alguma dúvida? Quer saber mais sobre Psicanálise ou algum tema específico? Ou ainda, deseja mandar uma mensagem para o autor?

Escreve pra gente:

[contact-form-7 id=”9068″ title=”Formulário de Blog”]
Envie para alguém que gostaria de ler esse texto:
  1. maria aparecida monteiro 28 de maio de 2016 at 16:50

    É triste ter crise de ansiedade e não saber o que é no inicio e logo de cara um médico lhe receita tarja preta, banzodiazepinicos que não conseguimos desmamar, enquanto poderiam nos indicar alguns tratamentos fitoterapicos, homeopaticos, acupuntura, enfim, coisas naturais…..

    • Diálogo - Espaço de Psicologia 3 de julho de 2016 at 17:54

      Com certeza! A medicação poderia ser uma alternativa e não a primeira opção em muitos casos! Obrigada pelo comentário!

  2. Ana Célia Cunha 17 de agosto de 2015 at 15:04

    Obrigada por atender ao meu pedido! Ajudou muito o texto! Já faço tratamento com medicação e quero saber mais sobre terapia.
    Gostei da sugestão de falar sobre timidez. Quero ler esse tbm!
    Beijos

    • Diálogo - Espaço de Psicologia 3 de julho de 2016 at 17:54

      Obrigada Ana! Preparando o texto sobre timidez! Grande abraço

  3. Raiane junia 17 de agosto de 2015 at 09:46

    Gostei do post sobre ansiedade pois sou muito ansiosa, quero saber sobre o tratamento ser ansiosa mim atrapalhar muito.tambem queria saber sobre timidez como enfrentar

    • Diálogo - Espaço de Psicologia 3 de julho de 2016 at 17:53

      Olá Raiane! Vamos fazer um texto sobre timidez, um grande abraço.

Comments are closed.

Nos siga nas redes
Autoria do texto
Júlia Maria Alves
quem somos julia

Psicóloga graduada pela UFMG (2009), com especialização em Clínica Psicanalítica na atualidade pela PUC-MG (2021) e em Gestão de Pessoas pela Fundação Dom Cabral (2012). Atua com atendimento clínico e orientação profissional.

Pesquisar
Clube de leitores
Fale com a gente