O tema de estreia do nosso quadro “Fale mais sobre isso” é a ansiedade. Vamos abordar sua definição, causas, sintomas e tratamentos de uma maneira informativa e acessível. Então, vamos lá entender mais sobre essa “vilã” dos tempos atuais.
O que é ansiedade?
Sabe aquele friozinho na barriga quando algo importante está para acontecer? Aquela sensação de alerta que te deixa pronto para reagir ao andar na rua de noite? Ou aquela perna que não para de balançar? Essas são manifestações da ansiedade. Reações assim são normais em situações específicas, como um momento de risco real ou um evento importante. Contudo, quando pensamentos e sensações de ansiedade tornam-se persistentes e intensos, pode ser um sinal de uma ansiedade em sua forma patológica.*
“A ansiedade é uma reação emocional normal que pode ser uma resposta a situações estressantes ou inesperadas. No entanto, quando é exagerada e persistente, pode tornar-se um transtorno de ansiedade, que pode prejudicar a qualidade de vida“.
Função adaptativa x Ansiedade patológica
Apesar de frequentemente vista como algo negativo, a ansiedade possui uma função adaptativa importante: alertar o organismo diante de possíveis ameaças e estimulá-lo a reagir. E, suas duas reações possíveis são: a fuga ou a luta. Contudo, se a situação que desencadeia o alerta, se desfaz, relaxamos.
A ansiedade desempenha um papel essencial em situações de perigo. Por exemplo, a ansiedade pode ajudar uma pessoa a se concentrar e agir de forma eficiente durante uma prova ou em uma situação que exija cautela e atenção.
No entanto, quando em excesso, a ansiedade pode paralisar o indivíduo, impedindo suas ações e bloqueando o raciocínio. Assim, a ansiedade patológica é “desmensurada, sem razão identificada o em estado persistente em vez de circunstancialmente induzida” (ELISABETSY, 2021).
Perigo real x Perigo imaginário
A ansiedade é uma resposta a um perigo percebido, seja ele real ou imaginário. Bom, vamos lá, os estímulos chegam ao indivíduo e serão percebidos e analisados pelo nosso Sistema Nervoso Central. Se essa análise concluir haver um perigo real, o circuito neural envolvido com fuga o luta, tem início. Caso contrário, o corpo relaxa. Entretanto, quando a ansiedade está em excesso, a reação ao estímulo pode desregular o sistema neuro-hormonal, causando sintomas como receios intensos, preocupações excessivas e agitação psicomotora.
É importante destacar que, muitas vezes, o perigo é imaginário. Ou seja, é o resultado de interpretações individuiais equivocadas, inconscientes ou crenças individuais. Nessas situações, a ansiedade deixa de ser útil e passa a ser debilitante, interferindo na qualidade de resposta, no posicionamento do sujeito diante dessas situações e, consequentemente, na qualidade de vida do indivíduo.

A influência das interpretações individuais
Cada pessoa vai interpretar os eventos da vida de maneira bastante única. Para isso, tem como base interpretativa suas experiências, história de vida, crenças, valores, etc. Inclusive por isso, uma situação que causa extrema ansiedade em uma pessoa pode ser vista como desafiadora ou até irrelevante por outra.
Por exemplo, diante de uma prova, uma pessoa pode se sentir ansiosa ao acreditar que não é capaz de ser bem-sucedida. Enquanto outra encara a mesma situação como uma oportunidade de aprendizado. Essa diferença está na interpretação feita sobre o evento e na percepção de ameaça associada a ele. Logo, precisamos levar isso em conta na hora de buscar entender o quadro de ansiedade de uma pessoa.
No segundo texto da série iremos compreender mais sobre os sintomas e os possíveis tratamentos para a ansiedade.
Textos da série “Fale mais sobre isso: Ansiedade”
Definições e causas (este texto)
* Este texto tem caráter informativo e não substitui o diagnóstico de um profissional da área.
Referências sugeridas para aprofundamento
- Biblioteca virtual em saúde (Link)
- American Psychiatric Association (APA). (2022). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5-TR). Washington, DC: APA.
- Beck, A. T., & Emery, G. (1985). Anxiety disorders and phobias: A cognitive perspective. New York: Basic Books.
- Borkovec, T. D., & Newman, M. G. (1998). Worry and generalized anxiety disorder: A review and theoretical synthesis. Journal of Abnormal Psychology, 107(2), 171–189.
- Darwin, C. (2000). A expressão das emoções no homem e nos animais. São Paulo: Companhia das Letras. 1872
- Elisabetsky, C. Descomplicando a psicofarmacologia. São Paulo: Ed. Blucher 2021.
- Roosevelt, M. C. S. Abordagem Psicodinâmica do Paciente Ansioso. In: Eizirik, C. L. et.al. Psicoterapia de Orientação Analítica: Fundamentos Teóricos e Clínicos. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
- Viana, M. B. Freud e Darwin: ansiedade como sinal, uma resposta adaptativa ao perigo. Nat. hum. [online]. 2010, vol.12, n.1 Disponível <aqui>
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Comentários
Gostei do post sobre ansiedade pois sou muito ansiosa, quero saber sobre o tratamento ser ansiosa mim atrapalhar muito.tambem queria saber sobre timidez como enfrentar
Olá Raiane! Vamos fazer um texto sobre timidez, um grande abraço.
Obrigada por atender ao meu pedido! Ajudou muito o texto! Já faço tratamento com medicação e quero saber mais sobre terapia.
Gostei da sugestão de falar sobre timidez. Quero ler esse tbm!
Beijos
Obrigada Ana! Preparando o texto sobre timidez! Grande abraço
É triste ter crise de ansiedade e não saber o que é no inicio e logo de cara um médico lhe receita tarja preta, banzodiazepinicos que não conseguimos desmamar, enquanto poderiam nos indicar alguns tratamentos fitoterapicos, homeopaticos, acupuntura, enfim, coisas naturais…..
Com certeza! A medicação poderia ser uma alternativa e não a primeira opção em muitos casos! Obrigada pelo comentário!