A Meditação é fonte para se alcançar o foco necessário!

A passagem de um ano para outro costuma ser uma época de bastante reflexão e definições de metas. Mas, mesmo que não se utilize a palavra FOCO, muitos dos propósitos e planejamentos exigem essa habilidade. O foco é extremamente necessário para que o planejamento dê certo e os propósitos alcançados. Uma sugestão para potencializar a habilidade de foco é começar incluindo os momentos meditativos na rotina diária. Antes de mais nada, a Meditação é uma ótima fonte para se alcançar o foco necessário!

Primeiramente, a palavra meditação significa “voltar-se para o centro no sentido de desligar-se do mundo exterior“. Muitas vezes, a meditação é associada a uma proposta de relaxamento e redução de estresse. Definitivamente, este pode ser uns dos efeitos da prática. Entretanto, o primordial, como o próprio significado diz, é a concentração. A proposta é de se colocar no foco por alguns instantes, aumentando a percepção de si e da sua relação com o meio.

Resgatando o clima de início de ano, é indiscutível que quanto mais nos conhecemos (entrando em contato com nossas verdades) maiores são as possibilidades de que aquilo que planejamos seja realmente perseguido ao longo do ano. E, conforme alcançado, nos traga felicidade.

O encontro das Neurociências com a prática milenar de Meditação

Desse modo, os estudos concentram-se na prática meditativa de mindfulness, que é uma técnica de origem budista que propõe manter a atenção de forma plena e intencional no momento presente, sem julgamentos (REMPEL, 2012). O objetivo é viver plenamente o momento presente, evitando julgamentos e reflexões que possam interferir na percepção dos estímulos aos quais está submetido.

Para alcançar esse estado, utiliza-se do foco na respiração e do aprimoramento de uma função cognitiva muito abordada pelas neurociências, fisioterapia, educação física e terapia ocupacional: que é a propiocepção ou cinestesia. Essa é a função que o cérebro tem de reconhecer e integrar as sensações provenientes do próprio corpo sem o uso da visão. Como no caso da sua localização espacial, posição, orientação, tônus muscular, informações táteis e viscerais (sensações internas do sistema digestivo e excretor, etc). No entanto, o mindfulness tem um toque a mais que é a proposta abrangente de ser um testemunho da própria experiência. Essa prática foi introduzida como objeto de estudo dentro da ciência por Kabat-Zin na universidade de Massachussets, por volta de 1980. Seu objetivo era de averiguar os benefícios da prática em sintomas como a dor crônica (fibriomialgia), ansiedade, compulsão e depressão.

Efeitos psicoterapêuticos

Hoje em dia sabe-se também que além dos efeitos psicoterapêuticos (melhoria em quadros de humor, fobias, ansiedade, pânico, transtornos alimentares e do sono), a prática meditativa atua de forma benéfica na função imunológica dos praticantes, assim sendo, tem sido uma indicação para pacientes com patologias autoimunes e com quadros de câncer.

Algumas das alterações fisiológicas já identificadas nos praticantes de meditação são mudanças no fluxo sanguíneo no cérebro; nos parâmetros do eletroencefalograma (diz do nível de atividade elétrica no cérebro); na redução do hormônio cortisol que é liberado em situação de estresse e que, em grandes quantidades, pode prejudicar as funções cognitivas, como memória e atenção.

Como a Meditação altera seu cérebro?

Com relação à morfologia do cérebro foram encontrados dados que sugerem modificações como espessamentos do córtex cerebral nas seguintes áreas:

  • No girocingulado posterior, o qual está relacionado às lembranças e autoregulação.
  • O hipocampo da esquerda, o qual dá suporte ao aprendizado, cognição, memória e regulação emocional.
  • A junção temporoparietal, à qual está associada a tomada de decisões, empatia e compaixão.
  • Na área do tronco do cérebro chamada de Ponte, onde muitos neurotransmissores reguladores são produzidos.

Os estudos que fazem uso de técnicas mais avançadas como a ressonância magnética funcional e tomografia por emissão de pósitrons, que conseguem avaliar a dinâmica do funcionamento cerebral tem encontrado dados sugestivos de:

  • Maior ativação da área pré-frontal associada ao controle da atenção e da tomada de decisão;
  • Padrão mais efetivo de ativação em regiões do sistema límbico (responsável pelo processamento emocional e comportamento social). Essa mudança sugere que os praticantes alcançam maior integração entre as áreas da atenção, motivação e controle motor. De forma que se exige uma ativação menor no cérebro para manter a atenção por mais tempo;

Para melhor compreensão, leia as principais pesquisas relatadas na matéria A meditação não só muda a nossa mente, mas também o nosso cérebro – isto é o que as pesquisas neurocientíficas sugerem.

O que podemos sugerir é que, embora não se possa afirmar que as pesquisas sejam conclusivas, existe já um bom embasamento que uma prática simples como a meditação pode auxiliar em um melhor funcionamento do sistema nervoso, gerar benefícios para sua saúde geral e melhor qualidade de vida.

REFERÊNCIAS:

  1. Britta K. Hölzel, James Carmody, Mark Vangel, Christina Congleton, Sita M. Yerramsetti, Tim Gard, Sara W. Lazar. Mindfulness practice leads to increases in regional brain gray matter density. Psychiatry Research: Neuroimaging, 2011; 191 (1): 36 DOI: 10.1016/j.pscychresns.2010.08.006.
  2. REMPEL, K. D. Mindfulness for children and youth: a review of literature with na argument for school-based. Canadian Journal of Counsellingand Psychotherapy, v.46, n.3, pp.201-220, 2012.

Além disso, para mais informações, consulte também os seguintes sites:


Autor(a):

Nathalia Santos da Costa – Psicóloga e mestre em Neurociências (UFMG), pós graduada em Neuropsicologia (FUMEC). Experiência clínica em psicoterapia, avaliação neuropsicológica e orientação profissional e de carreira. Experiência em docência em cursos de graduação, pós- graduação de psicologia e psicopedagogia e capacitações em instituições de ensino.

Nathalia

Nathalia Santos da Costa

Psicóloga e mestre em Neurociências pela UFMG, pós graduada em Neuropsicologia pela FUMEC. Experiência clínica em atendimento psicoterapêutico, avaliação neuropsicológica e orientação profissional e de carreira. Experiência em docência em cursos de graduação, pós- graduação de psicologia e psicopedagogia e capacitações em instituições de ensino.

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  1. Marina Reis Martins 4 de julho de 2016 at 17:37 - Reply
  2. Maria Ines Vieira 4 de julho de 2016 at 04:20 - Reply

    Parabéns Nathy! !!
    Adorei.
    Reli seus textos! !
    Sempre gostoso de ler.

  3. Gizele Santos 3 de julho de 2016 at 22:05 - Reply

    Parcerias importantes geram resultados surpreendentes. Parabéns a todos os envolvidos em sempre fazer o melhor para a comunidade.

  4. Luisa Guedes Vieira Merz 3 de julho de 2016 at 21:38 - Reply

    Orgulho de vc Nathalia SAntos

  5. Nathalia SAntos 3 de julho de 2016 at 20:42 - Reply

    Giselle Anselmo

    • Giselle Anselmo 3 de julho de 2016 at 20:44

      Muito, muito obrigada. Você foi maravilhosa…

    • Nathalia SAntos 3 de julho de 2016 at 20:45

      Obrigada, adorei a experiência