Relacionamentos | Comunicação
Dizer não! Por que é tão difícil?
Todos os dias somos colocados diante de situações que exigem decisões. Seja fazer uma compra, um favor, assumir uma tarefa extra no trabalho, ou emprestar dinheiro — precisamos nos posicionar constantemente. Saber dizer se posicionar adequadamente também é fundamental para estabelecer relações mais saudáveis.
Por outro lado, é muito comum ver pessoas com dificuldade em expressar suas vontades reais. Alguns sequer conseguem dizer “não” quando prejudicados. Com frequência, colocam-se em situações desconfortáveis, dificuldades financeiras e até dilemas éticos, tornando-se incoerentes com seus próprios valores e princípios.
Sim é sim, e não é não!
Muitas vezes, ao negar um pedido, achamos que estamos afastando ou magoando o outro. Não percebemos que, ao tentar atender a todas as expectativas dos outros criamos relações unilaterais, em que apenas um lado se satisfaz. Quando nossos desejos coincidem com os do outro, então tudo flui bem. No entanto, quando divergem (e isso é mais que normal), acabamos nos submetendo e permanecendo insatisfeitos.
Em algumas situações, escolher fazer algo que não queremos por desejar ajudar alguém que amamos é uma demonstração de consideração ou apoio. O que é perfeitamente saudável. Afinal, saber ceder ou ajudar também é importante. O problema surge quando essa conduta se torna inflexível, ou seja, quando a única opção é ceder sempre. Assim, as próprias vontades são repetidamente negadas, e a pessoa se coloca em segundo plano constantemente.
Essa dificuldade de se posicionar pode gerar sentimentos de frustração, feridas emocionais e ansiedade. Com o tempo, a pessoa pode até sentir raiva de si mesma ou dos outros.
Por que é tão difícil dizer “não”?
Mudar essa postura não é simples. Essa dificuldade pode estar enraizada em fatores emocionais, influenciados pela história e vivências particulares. É essencial entender as razões pessoais por trás dessa dificuldade. Alguns exemplos comuns incluem:
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Medo de contrariar ou magoar
Pode-se temer desagradar ou perder a conexão com o outro, ou até temer reações negativas ou agressivas. -
Sentimento de culpa
Negar um pedido pode fazer o interlocutor ficar triste ou frustrado, o que pode gerar uma culpa. Além de ignorar o fato de que temos o direito legítimo de dizer “não”. -
Vaidade
Algumas pessoas têm dificuldade em recusar pedidos porque isso pode parecer que estão deixando de ser “queridas” ou “boazinhas”. Dizer “sim” pode até dar uma sensação de orgulho, mesmo que internamente isso gere mágoa e desgaste emocional. Ao longo do tempo, porém, a pessoa pode perceber que viveu dedicada aos outros, negligenciando a si mesma.
É preciso mudar! Falar cura!
Qualquer processo de mudança envolve desconforto, esforço e comprometimento. Precisamos aprender a defender nossos próprios interesses e a entender que, desde que respeitemos os limites do outro, não há nada de errado em nos posicionarmos.
Fugir do “não” é, na verdade, fugir de se posicionar e estabelecer vínculos mais verdadeiros e saudáveis. Quando me posiciono, permito que o outro me conheça por inteiro, incluindo meus limites pessoais.
Tornar-se mais assertivo significa expressar pensamentos e sentimentos sinceros. Significa compreender e respeitar seus próprios limites e valores, e recusar-se a aceitar o que não lhe faz bem. Dizer “não” na hora certa, de forma coerente e respeitosa, fortalece o vínculo consigo mesmo e promove relações mais autênticas e equilibradas.
“Dizer sim quando quero dizer não é dar mais valor aos outros do que a mim. É não colocar meus limites, e isso é não me respeitar… É o mesmo que dizer que o que eu sinto não vale nada, que os ouros podem passar por cima de mim à vontade. E eles passam, sem dó nem piedade. Hoje estou aprendendo a dizer não. Quando não quero alguma coisa, simplesmente digo não. Sem raiva nem emoção. Um não é só uma negativa. É nosso limite. Um direito que temos de decidir o que desejamos ou não fazer. A isso se dá o nome de dignidade. Quando nos colocamos com sinceridade, dizendo o que sentimos, somos respeitados“. Zíbia Gasparetto
Júlia Maria Alves
Psicóloga graduada pela UFMG (2009), com especialização em Clínica Psicanalítica na atualidade pela PUC-MG (2021) e em Gestão de Pessoas pela Fundação Dom Cabral (2012). Atua com atendimento clínico e orientação profissional e gestão de carreira.
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Júlia Maria Alves
Psicóloga graduada pela UFMG (2009), com especialização em Clínica Psicanalítica na atualidade pela PUC-MG (2021) e em Gestão de Pessoas pela Fundação Dom Cabral (2012). Atua com atendimento clínico e orientação profissional e gestão de carreira.
Nooossaaaaa tudo a ver comigo! Adorei :-)
Fico feliz que gostou, Nathália. Sinta-se sempre muito bem vinda por aqui! Um abraço