“Está profundamente enraizado em mim
Os pássaros estão cantando
Eu posso ouvir as vozes
Meus filhos estão conversando
Mas, eu me sinto só,
Eu sou uma pessoa solitária …… ”Asma Khan
Afinal, o que é Solidão?
A solidão, em termos psicológicos, pode caracterizar-se pela ausência afetiva do outro e estar intimamente relacionada com o sentimento ou a sensação de se estar só. O outro pode até estar próximo geograficamente, mas não há aproximação psicológica; falta interação e comunicação emocional (1). Ou seja, é um sentimento de desconexão, isolamento e ausência de pertencimento. Mas, a ‘solidão’ que nos referimos aqui não tem nada a ver com ‘estar sozinho’. Na verdade, como o poema acima ilustra, é possível estar cercado por pessoas queridas e ainda se sentir solitário.
A pessoa solitária pode se sentir vazias, sem afeto ou indesejadas. Muitas vezes, essas pessoas querem contato humano, mas algo torna ainda mais difícil formar conexões com outros. A solidão é um estado mental que danifica a saúde mental e física.
Sentir-se solitário nos adoece?
John Cacioppo (PhD e psicólogo clínico) estudou a solidão nos últimos vinte anos. Ele é o co-autor de um livro recente, “Solidão: Natureza Humana ea necessidade de Conexão Social“. O tema principal do livro é que a solidão causa todos os tipos de doenças físicas. Por exemplo, estudos mostram que o isolamento social e a solidão aumentam o fluxo de hormônios do estresse.
Os hormônios de estresse são aqueles que nos alertam quando o perigo está presente. Quando alguém está sozinho, está produzindo hormônios do estresse na ausência de qualquer ameaça real. Como resultado, o sistema imunológico é danificado, causando uma vulnerabilidade a doenças virais. E o sistema cardiovascular é afetado, levando a acidentes vascular cerebral e ataques cardíacos, porque a pressão arterial é aumentada, o sono é perturbado e o processo de envelhecimento é acelerado. O estresse crônico causado pela solidão pode até mesmo acelerar o aparecimento da doença de Alzheimer.
Efeitos da Solidão
Segundo o Dr. Cacioppo, alguns dos efeitos negativos são:
- Depressão e tendência ao suicídio
- Doença cardiovascular e acidente vascular cerebral
- Aumento dos níveis de estresse
- Diminuição da memória e aprendizagem
- Comportamento antisocial
- Pobre tomada de decisão
- Alcoolismo e abuso de drogas
- A progressão da doença de Alzheimer
- Função cerebral alterada
A solidão pode nascer na não comunicação
James J. Lynch, Ph.D. Publicou um livro há alguns anos chamado “A Cry Unheard” (Um choro não escutado – Tradução livre). A mensagem que transmite é de que a solidão é causada por uma falha em se comunicar, se engajar em discurso e se comprometer um com o outro e a comunidade. Além disso, ele deixa muito claro que não é meramente uma conversa que constitui a comunicação, mas o tipo de conversa que é vitalmente importante para a saúde humana.
Ele cunha a frase “conversa tóxica“ para descrever um tipo de fala que destrói a autoestima e o bem-estar da outra pessoa, o que a levaria à solidão. Crítica, negatividade, falta de elogios, falta de sentimento de calor, rejeição e outros fatores que aumentam a alienação e a distância entre as pessoas caracterizam a conversa tóxica. De acordo com o Dr. Lynch, a conversa tóxica aumenta o isolamento social e leva ao adoecimento.
Como superar?
Estão listadas abaixo algumas sugestões que o Dr. Cacioppo fornece sobre como superar a solidão:
- Reconheça que a solidão é um sinal de que algo precisa mudar.
- Compreenda os efeitos que a solidão tem em sua vida, tanto física como mentalmente.
- Considere fazer serviço comunitário ou outra atividade da qual você goste. Estas situações apresentam grandes oportunidades para conhecer pessoas e cultivar novas amizades e interações sociais.
- Concentre-se em desenvolver relacionamentos de qualidade com pessoas que compartilham atitudes, interesses e valores semelhantes com você.
- Espere o melhor. As pessoas solitárias muitas vezes esperam rejeição. Em vez disso, concentre-se em pensamentos positivos e atitudes em suas relações sociais.
Texto traduzido e adaptado de MentalHelp
Referências:
- MOREIRA, Virginia e CALLOU, Virginia. Fenomenologia da solidão na depressão. Mental [online]. 2006, vol.4, n.7 [citado 2025-02-06], pp.67-83. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-44272006000200005&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1679-4427.
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